domingo, 30 de setembro de 2007

Ab Origine


Nasci na freguesia de Anha... foi lá que me habituei a sentir o sol e a compreender a textura dos musgos. Ali, num espaço relativamente curto, tinha o monte, o campo, o mar, e os tons cinzentos destas cores.
Era uma aldeia grande, com muitos lugares e duas paróquias, disposta em três grandes pedaços... S.Tiago d'Anha, S.Sebastião de Chafé e Amorosa. Lembro-me que nestes três pedaços, uns mais grandes que os outros, pela ordem decrescente descrita, havia três locais de culto correspondentes. S.Tiago tinha uma Igreja, e um Prior com modos de ditador. S.Sebastião tinha uma Capela, e um Reitor que também queria ser Prior. E da Amorosa não me lembro bem se tinha algum pastor próprio, mas sei que tinha uma capela, de onde se via o Mar.
Um dia, depois de muitas chatices, tudo isto se modificaria, sem se modificar. A grande Freguesia de Anha, constituída por duas Paróquias, passaria a chamar-se Vila (Vila Nova de Anha), constituída por duas Freguesias (Anha e Chafé). E Amorosa lá está, igual, antes dependente da macrocefalia anhense, agora o mesmo da chafeense. Quanto ao Mar, esse continua a espumar-se nas rochas, a escorrer preguiçoso ou bruto pelas areias indiferente à ambição dos homens...

1 comentário:

fotógrafa disse...

Na sua história o Paço de Anha é ainda uma referencia e testemunho pois está estreitamente ligado aos trágicos acontecimentos de 1580, que resultaram na concentração das coroas de Portugal e Espanha nas mãos do monarca espanhol Filipe II (Filipe I de Portugal).
Com efeito, segundo alguns historiadores, terá sido neste lugar, numa primitiva casa rural pertencente a António Gonçalves Cabeças, irmão do capitão-mor dos extintos concelhos de Santo Estevão (Facha -Ponte de Lima) e, Geraz (Viana do Castelo), que D. António, Prior do Crato, terá passado uma das noites dos longos meses em que andou fugido e perseguido por terras minhotas.
A actual casa, alvo de diversos restauros, alguns deles já deste século, mantém ainda uma porta de arestas cortadas, da época quinhentista, que deverá ter pertencido à primitiva habitação.
Na sua passagem por França, acompanhando o exílio do Prior do Crato, António Cabeças terá conhecido um fidalgo francês, de nome Miguel de Agorreta, acabando por o trazer para Portugal e casando-o com a sua filha Maria Ferreira.
Terá sido na sequência deste casamento, que foi instituído o Paço de Anha, devendo-se ao filho do casal, João de Agorreta Ferreira, a reestruturação da casa e a construção da capela, já na primeira metade do séc. XVII.
Mais tarde, esta família vai ligar-se por laços matrimoniais à família Alpuim de Viana do Castelo, curiosamente também tradicional defensora da causa do Prior do Crato, sendo os descendentes desta união, os actuais proprietários do Paço de Anha, que aqui implementaram um projecto de turismo de habitação e revitalização das vinhas, criando uma marca que ostenta o nome deste Paço multisecular.
(Fonte:Wikipédia)